Sociedade
Outubro 14,2025
por Miguel Sousa
Visitas: 4
A mais larga avenida de Penafiel, ‘Avenida Araújo e Silva’, que começa no canto direito do edifício da Câmara Municipal de Penafiel, quando visto de frente, é atravessada pela Rua Direita que, por sua vez, começa onde se localiza o antigo Paço Episcopal, atualmente uma Escola de Enfermagem. Na parte descendente da rua ‘direta’ à Igreja Matriz (o termo medieval ‘direta’ evoluiu para ‘direita’, por isso se chama assim como, efetivamente, se chama: Rua Direita) existe adoçado a um prédio de rés-do-chão e primeiro andar um nicho florentino com o fundo pintado a ocre, que viu as suas cores primitivas destruídas aquando da conservação de uma casa contígua por trabalhadores da construção civil que, obviamente, desconheciam o valor histórico do monumento. Essa casa é a primeira onde a Rua Direita se estreita e situa-se no coração da zona histórica de Penafiel, que é vasta e culturalmente muito rica. A avenida, que é atravessada pela Rua Direita, é um pouco íngreme e, no seu sentido descendente, tem defronte o antigo Hospital da Misericórdia de Penafiel, que abriga atualmente um hospital privado. A Rua Direita é, pois, uma rua nobre da zona histórica de Penafiel, precisamente, ‘et por cause’, devido à sua ancestral historicidade. Defronte a uma das sacadas de uma casa brasonada, onde a Rua Direita começa a ser estreita, existe uma casa, também ela histórica, de rés-do-chão e primeiro andar, devoluta e abandonada há muitos anos, que tem uma inscrição na padieira da porta de entrada, onde se pode ler: “Louvado seja o SMº (Santíssimo) Sacramento”. Poucos metros abaixo, situa-se ao edifício da Sagrada Família, a que se segue a Igreja Matriz, a Igreja Mãe da cidade de Penafiel. Uma das janelas dessa casa ‘abandonada’, que são de guilhotina, precisamente a do lado esquerdo, tem um vidro partido, o vidro superior esquerdo da parte fixa da janela. É por essa entrada que as pombas ‘vadias’, transformaram o primeiro andar em abrigo, ou seja, em pombal. Isto no coração da zona histórica da mais que bicentenária cidade de Penafiel’. Sei, e todos sabem, que a cultura não dá votos, nunca deu, em parte devido à proverbial iliteracia do povo português, que não tem culpa, mas é o que é. No entanto, creio tratar-se ser um dever cívico-cultural de uma Câmara Municipal, mais grave se negligenciado por um dos pelouros do poder autárquico, que é o pelouro da cultura (onde esse pelouro existe, obviamente, que deveria diligenciar, intimando o proprietário a tornar decente a fachada do dito ‘pombal’. Sei que é possível a Câmara Municipal fazer essa intimação, por eu próprio a ter recebido há anos, no ‘reino’ do saudoso presidente Justino do Fundo, para tornar decente a frontaria da minha casa, que, perdoe-se-me a imodéstia, é Património Municipal. O signatário, simples amador (que ama) da cultura, sente-se repugnado com tamanha indiferença de quem, pensa, tem o dever de zelar pelo bem-estar dos cidadãos em todos os aspetos, pelo cultural também. Não que a Edilidade tenha o dever de pôr cobro a tal despautério, não, não tem, mas é de crer que poderia intimar o proprietário do abandonado prédio a fazê-lo, precisamente por ser um dos baluartes da culturalmente valiosa zona histórica da cidade!... PS: Este é (será?) o último artigo que escreverei neste ‘velho’ e querido quinzenário que há muitos anos acolheu este viciado escrevente em jornais. Foram vários os que o acolheram, a maioria da Região do Vale do Sousa. A todos agradeço pelo acolhimento e pela consideração que sempre me dispensaram, mas permitam-me realçar o orgulho que senti em escrever neste jornal que o estimado leitor tem nas mãos, não por outro motivo, mas por ser um dos jornais mais antigos em circulação em Portugal, uma vez que saiu para a rua em 1 de janeiro de 1878. Permitam que este articulista destaque os leitores: sem a bondade e a paciência das suas leituras, teria sido inútil esta ´devoção’ quase sexagenária. Muito obrigado a todos: jornais e, especialmente, aos leitores. E, permitam-me um (conhecido) ‘conselho’, sem quaisquer pretensões pedagógicas: LER JORNAIS É SABER MAIS!... Ah, esqueçamos a destruição de monumentos históricos permitidos ou praticados pela ‘nossa’ Câmara Municipal nestes últimos tempos, de que é exemplo a destruição do monumento medieval Lavadouro e Tanque de Mélroa. Mais uma vez, muito obrigado a todos. Ver-nos-emos por aí!!!... Artigo da responsabilidade de Alfredo de Sousa Fotografia de destaque: DR
Apoios
Contatos
Telefone: 255 212 706
Morada: Avenida Egas Moniz, 173
Código-Postal: 4560-546 Penafiel
Email: openafidelense@gmail.com